top of page

Conheça a história da Eliete uma Mãe Atípica que criou um grupo de corrida Lets’go Training

  • Foto do escritor: deboraoliverto
    deboraoliverto
  • 4 de mar.
  • 4 min de leitura

Eliete e Joaquim. Foto: Arquivo pessoal
Eliete e Joaquim. Foto: Arquivo pessoal

Eliete mãe de dois meninos, João Vitor 12 anos e Joaquim de 4 anos TEA nível 2 de suporte, tem 35 anos, educadora física e idealizadora do grupo de corrida Let’s go training, um grupo de corrida que nasceu há dois anos como forma de desenvolver o seu trabalho profissional oferecendo atividades específicas e personalizadas relacionadas à atividade de corrida de rua (grupo de corrida), por meio do qual busca promover a qualidade de vida, física e mental, além da troca de experiência e promoção de novas amizades, pra ela e para seus alunos, como também desenvolver novas habilidades de seu filho Joaquim, na camiseta está estampada a frase que mais escutava durante sua trajetória "mas ele não parece autista" por isso a frase  “Autismo não tem cara”.



1.       Como nasceu o grupo Lets’go Training?


Quando terminei uma prova de corrida no dia 7 de maio de 2023 e sentei no meio fio, olhei todas aquelas pessoas e foi nesse momento que entendi o meu propósito, pensei que era ali que eu deveria divulgar a minha causa, pelo meu e por milhares que eu não conheço, EU precisava fazer isso, porque o preconceito é gigantesco pela falta de informação das pessoas enfim… Aí nasceu meu propósito divulgar e chamar atenção para a causa autista de uma forma leve nas corridas de rua.


Na época quatro amigas iniciaram comigo, Joaquim foi desenvolvendo as habilidades e aprendendo a ficar com o pai, avós e familiares no começo sempre muito difícil, o que não podemos é desistir, um trabalho de formiguinha como em todos os aspectos do TEA, no começo Joaquim chorava bastante e aos poucos ele foi entendendo e se desenvolvendo.


Eu no entanto achava que Joaquim precisava mas eu precisava tanto quanto ele, porque dentro do espectro acabamos nos fechando. Eu sempre fui uma pessoa muito ativa e comunicativa, sempre trabalhei com público e de repente estava isolada e precisava entender o que era o TEA, e desenvolver meu pequeno, saí do meu trabalho, Joaquim só ficava comigo até os 2 anos, tinha choro excessivo, se batia a noite toda, tinha distúrbios do sono, eu nunca conseguia nanar ele, não consegui amamentar e eu sendo mãe de duas viagens me sentia como se fosse a primeira vez porque eu não entendia ele. Dormir pouco tanto eu como ele já  era parte da nossa rotina diária, eu me sentia exausta até que um dia uma amiga minha disse. "Amiga acho que minha filha é autista por que li que os autistas ficam acordados da 1h  às 4h da manhã" e aquilo me serviu de alerta e deu um impacto tão grande que comecei a pesquisar sobre o assunto.


E a partir disso fui pesquisando sobre e não entendia por que algumas coisas encaixam e outras não, porque eu ainda não entendia que autismo é um espectro muito amplo.

 Conversei com minha irmã e com uma amiga mas na época elas tentaram me acalmar e assim continuei pesquisando por mais 4 meses e anotando os traços.

 

Quando eu já não aguentava mais, procurei ajuda pra saber se Joaquim era surdo pois eu ficava a manhã toda chamando ele mas ele não me olhava, parecia que ele não escutava, corria sem direção o tempo todo, ficava girando nas coisas, não tinha contato visual, sensibilidade com unhas, cabelo, banho, tinha e tens padrões restritos e repetitivos e dificuldade em conviver com pessoas mesmo sendo do vínculo afetivo exemplo avós.


Por Joaquim, estar dentro do TEA (transtorno do espectro autista) eu procuro também, por meio do grupo Let’s go training, promover a conscientização sobre o autismo, proporcionando informações e visibilidade sobre o assunto, além de acolher e aproximar pessoas, proporcionando-lhes oportunidade de interação, trocas de experiências e com reflexo direto na qualidade de vida de seus filhos.

 

2.       Quem era a Eliete antes do Joaquim e depois do Joaquim?


Joaquim me reinventou e eu me redescobri como mulher, mãe e empreendedora, me achava uma mulher fraca, não era de me indispor com as pessoas, muitas vezes concordava com muitas coisas mesmo não sendo aquilo que eu pensava. Hoje eu sou uma pessoa totalmente diferente que falo o que penso, luto pelas minhas causas e aprendi a dizer NÃO.


3.       Quais são as principais dificuldades que pessoas com Transtorno do Espectro Autista enfrentam?


Uma das maiores dificuldades é o acesso às terapias de forma gratuita e profissionais capacitados, aceitação e acolhimento dos pais e familiares, desinformação por ser um espectro muito amplo, pois infelizmente a sociedade ainda tem muita dificuldade até mesmo de respeitar as pessoas, imagine uma pessoa que foge dos padrões impostos pela sociedade.


4.       Quais ações você acha que poderiam auxiliar Chapecó para ser uma cidade mais inclusiva para pessoas neurodivergentes?


  • Palestras nas escolas tanto particular e pública;

  • Ter em todos os estabelecimento uma educação continuada com palestras para as pessoas entenderem sobre o espectro;

  • Cursos para profissionais e pessoas em geral (pais e familiares);

  • Materiais para desenvolvimento infantil;

  • Treino parental onde os pais pudessem fazer, eu fiz e vejo muita diferença no entendimento, porque por milhões de vezes a gente não sabe como proceder e dessa forma vamos aprendendo o que devemos fazer nas situações, lembro que eu me sentia sem chão, sem saber o que eu faria e com o treino parental obtive direcionamento.


5.       O que você poderia falar para as pessoas sobre o TEA?


TEA em primeiro lugar não é doença aceite, acolha, tenha paciência e muito, muito amor e carinho.


6.       Qual mensagem você gostaria de deixar para mães, pais de autistas?


Estude sobre o espectro, entenda sobre o tratamento, o que vocês enquanto pais podem auxiliar seu filho na fase que ele está vivendo.

Se encha de informações pra você entender qual a melhor estratégia pro seu filho, qual a necessidade dele naquele momento, aprenda sobre hipersensibilidade, a manejar comportamentos, porque a terapia de 1 hora por semana não faz milagre, precisa ser uma rede, precisa de um trabalho conjunto.


7.       Qual é o seu sonho em relação ao Joaquim?


Meu sonho em relação ao Joaquim é que ele consiga superar suas dificuldades e desafios no dia a dia, realizar os seus sonhos sendo ele mesmo, com sua imaginação extraordinária cheio de carinho. Meu sonho em relação ao Joaquim é o sonho de todas as mães. Ver os filhos felizes e realizados.



Eliete. Foto: Instagram @letsgotraining
Eliete. Foto: Instagram @letsgotraining

Grupo de corrida. Foto: Instagram @letsgotraining
Grupo de corrida. Foto: Instagram @letsgotraining

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page